domingo, 11 de dezembro de 2011

girassol

Minha lindinha,

Um girassol bem amarelo. Um desses que segue a luz onde quer que ela vá. Um girassol que sorrí. É assim, Joaninha, que eu imagino o amor. E sei que Timotinho deve fazer um coro de riso em minha homenagem. Segundo ele, meu problema é imaginar demais. Vai ver que é mesmo. Mas eu prefiro não abrir mão disso. Disso não. Já abri mão de tantas coisas por pessoas que foram passageiras de mim. E hoje eu sei o preço que me custaram. Não vendo nada que é meu. Nada. Prefiro o coração vazio, a estar cheia de saudade de mim mesma. 
Sim, eu quero seguir em busca de ilusões gostosas. Dessas que fazem a vida valer à pena. Porque eu sei, Joaninha, que é possível torná-las reais. É possível encontrar o amor. É possível torná-lo um girassol que corre pela luz, ao invéz de uma raiz que se afunda cada vez mais no solo. E é isso que eu quero. Cor, vida, sorriso, sol...
É preciso seguir acreditando. Em nós mesmas querida. Em nós mesmas. Não devemos dar a ninguém o poder de fazer com que desacreditemos nos sonhos. Podem me chamar de iludida, inocente, bobinha... Antes isso do que algém que não sai do lugar, e não palpita o coração. Eu sou das loucuras, Joaninha. Eu sou de me jogar nas loucuras todas, e chorar muito depois. Eu sou do alvoroço, do grito, da turbulência. Eu quero o amor na sua intensidade, caso contrário não há porquê. Não há...
Eu continuo acreditando no girassol!!!!

beijos da sua!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

a saudade de si

Joaninha,

Ocorreu-me uma pergunta perigosa esta manhã: como mata-se a saudade de si mesmo? Procuro por qualquer luz que dê alguma nuance do caminho. Qualquer coisa Joaninha. Qualquer coisa serve. Até uma respostinha pronta e boba, que vinda de você será sempre doce.
Eu sempre fui a tartaruguinha do tudo ou nada. Sinto falta dela. Dela, que só aceitava as coisas que voavam ou despncavam, as coisas que gritavam. Esta que aqui vos fala, tem aceitado o meio termo, o caminho mal caminhado, o grito gravado, o texto decorado, o roteiro de toda segunda feira, a falta de adrenalina, a desinteligência de tudo aquilo que não sente o perigo do desuso, do gasto, do esfolo, da repetição, da ausência de transbordamento. 
Cadê aquela tartaruguinha? Cadê?
Queria eu dar-me um abraço nela, e sentir-me-la novamente. Saudades.

domingo, 25 de setembro de 2011

Profundo

Minha querida,

Presumo que enfrentar a vida de frente tenha a ver com conhecê-la e ir a fundo nela. Respeitar o seus silêncios, suas revoltas, seus abismos, suas superfícies e suas profundezas. Este sentimento de que não há escapatória para mim e nenhum de nós que abre bem os olhos, é algo revoltante ao mesmo tempo que conforta. Faço um esforço para lembrar de como eu era antes de olhar certas coisas. Sinto saudade. Até o momento em que me lembro não haver mais caminho para voltar pra casa. Só nos resta a profundidade de tudo o que está à nossa volta.

Da sua Tartaruguinha!

Com todo o afeto do mundo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

afetado

Meus docinhos,

Como é linda a caminhada. Por nada saimos ilesos. Penso que porque de fato estamos nos entregando à vida. Pode ser que eu venha a beirar a loucura em breve. Mas terei sido tocada pelos afetos ao meu redor e terei dado estradas para minha intuição percorrer meu corpo inteiro.
Existem pessoas, meus caros, que atacam por necessidade de defesa em tempo integral. Dolorido esse trajeto. Ausente esta vida. 
Nunca escapem dos afetos, em quaisquer graus que estejam. Jamais desviem de um olhar. Procurem atingir as pessoas e o espaço com toda a energia viva que puderem.
Ainda estou lúcida.

Com amor da sua...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

perguntando

Jô,

Para algumas coisas o tempo tem me parecido enorme benefício. Para outras, no entanto, não há inimigo maior que o tempo, e suas linhas que não perdoam. Estou sentindo o tempo extraviar coisas que me são muito intensas e profundas. Necessárias eu diria. Ao passo que me pergunto desta necessidade. Seria real? Se o tempo está extraviando a própria coisa, não estaria a necessidade apenas atrelada ao hábito que cultivei? E como julgar por hábito coisa tão sagrada? Seria o hábito pejorativo?

Cheia de perguntas lhe envio um abraço hoje, minha querida. Acredite, não espero respostas, só o abraço como retorno mais rápido do seu amor.

Da sua...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

tempo

Querido,

Chorei. Chorei um desses chôros sem lágrimas. Desses que ninguém percebe e passa sem ousar saber. Chorei alto, quase gritando em silêncio. Chorei como se uma parte de mim houvesse partido. Lembrei dos sonhos que tinha, e jurei ter desejado voltar no tempo. O tempo, esse simples ser que vive os dias como deveríamos vivê-los. O tempo que não retrocede um só passo, muito menos o avança. Não há precipitações, nem remorsos. Não há esperas, nem arrependimentos. O tempo é bem mais evoluído. Eu sou confessa, bastante involuída. Mas hoje eu chorei daquele choro que não se desfaz. Daquele choro!

Da sua Tartaruguinha.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

leia-me

Timotinho,

Para não dizer que não mencionei mais minha "literatura" em nossas correspondências, outro dia mesmo meu pseudônimo invertido escreveu que "viver é um exercício de solidão no meio de um monte de gente". Sei que não lhe agradará. Que você vai julgar isso um tanto brega e romântico. Sei que não estou à altura de grandes palavras, mas me permita exercícios de grandeza, e lhe entrego em troca a minha humildade.
Não pretendo mais que esboçar minha alma. Ninguém precisa ler. Apenas você. E este esforço eu lhe cobro. Porque até mesmo as mais evoluídas relações exigem. Sendo assim posso lhe exigir aos baldes, já que a evolução passa longe de mim. Permita que eu lhe cobre, que eu lhe exija, que eu lhe ame desesperadamente e espere de você a melhor compreensão do mundo. Desse mundo que não tolera mais clichês Timotinho. Desse mundo onde as coisas são nomeadas e não são encontradas.
Leia minhas coisinhas. Sinta-se obrigado a me dar um retorno. Ame-me, mesmo que de mansinho. Faça-me íntegra em seus pensamentos. 

Da sua...

terça-feira, 26 de julho de 2011

todo o resto é poesia

Minha flor,

Chove muito. Quase desenhei um guarda chuva amarelo com bolas roxas para poupar-me da lambança. No primeiro traço desisti logo de tudo e fui sair a rua assim mesmo, a voar. Tornei-me um pouco suja, molhada e livre de qualquer infarto. Não havia guarda chuva algum para emborcar, dançar com o vento, furar olhos vizinhos, molhar bolsa seca. Não havia guarda chuva algum para frustrar minha expectativa de sair seca dessa. Fui mais feliz. Fui mais eu.

Não tente entender nada. Andei lendo. Li tanto que até choveu. Tirando a chuva, todo o resto é poesia!

Beijos da sua..

terça-feira, 19 de julho de 2011

sem ar

Timotinho,

Você não sabe o quanto meu coração pulou hoje pela manhã! Finalmente o som da sua voz se fez presente, mesmo que forjado por minha imaginação ao ler suas palavrinhas. Que doçura você foi capaz de armar. Meu coração inchou tanto, que nem tenho mais fôlego para escrever-te qualquer vírgula que seja. Preciso respirar, e esse é o melhor jeito de dizer que te amo!

Da sua...

sábado, 9 de julho de 2011

desculpas

Timotinho,

Pensei muito em você hoje. E veja que pensando em você pensei em mim. É muito curioso isso, e me confunde. Eu ainda estou irritada com você, e acho que tenho razão. Seu silêncio por conta de sua incompreensão me maltrata, mas você sou eu. De alguma forma, amigos se tornam um pouco a gente. E isso torna impraticável a vontade de banir você da minha vida. Seria como banir a mim mesma, e deixar meus dias desertos de ser humano. Isso talvez seja um pedido de paz entre nossos rancores. Não existe motivo para que não mais nos sejamos. Espero ansiosa que você me peça desculpas. Que me escreva qualquer palavra. Pode ser em papel de pão. Em troca lhe dou minha esperança de que seremos sim nós mesmos daqui pra frente. Não deixe que seu orgulhinho bobo - talvez seu único defeitinho - lhe estrague o caminho. É só uma desculpa para que meu coração entenda que você voltou.

Da sua Tartaruguinha!

terça-feira, 5 de julho de 2011

despertencimento

Joaninha,

Dia ou outro você não se sente tomada por um despertencer involuntário? Ai minha querida, diga que sim para que eu me sinta um pouco melhor. Hoje mesmo Joaninha, esse despertencer me tomou de nocaute pelo olho esquerdo, e cá estou eu, querendo ser de ninguém. Parece que só a mim mesma tenho direito de pertencer. Não quero ser sua, nem de Timóteo, nem de mamãe, nem do amor... É muito pecado isso? Faço esta pergunta a você porque sei o tamanho exato da sua nobreza. Você nem deve fazer ideia do que estou falando não é mesmo? E veja só que coisa louca, mesmo não pertencendo a ninguém, recorro a você para sanar minhas aflições. Do que chamamos isso Joaninha?

Beijos da hoje só minha mesmo, Tartaruguinha!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

a praga

Timóteo,

Que praga foi essa? Estou há dois ou três dias sem ouvir direito o som da minha voz. E não me venha dizer que são problemas na garganta. Você pediu ao mundo que me calasse por alguns instantes, porque você ainda sofre com a minha mentirinha. Você não entende não é? Que há tanta verdade em minha vida inventada, quanto em minha vida vivida. Mas que cabeça dura!!!
Por favor, peça urgentemente que me devolvam o direito de gritar. É dureza enfrentar esse mundo de boca fechada, sem nenhuma válvula de escape para a alma. Gritar é meu jeito de reciclar o lixo, portanto exijo que você desfaça esta praga, pelo bem do meu planeta interno.
Quanto a você voltar a falar comigo, nem faço mais questão! Por bons tempos só me reportarei à Joaninha. Fique você e sua teimosia fincados no mesmo lugar.

Da não mais sua Tartaruga!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

as listas

Meus amores,

Hoje eu estou toda para os catálogos. Resolvi fazer listas e mais listas. A primeira delas é sobre minhas libertações. Não me surpreendi ao constatar que estou com os pés enfiados em um monte de sapatos que não me servem mais. Repararam como a maioria das prisões somos nós mesmos quem erguemos ao nosso redor? Pois é... E como boa prisioneira que sou, coloquei metas para que possa, de maneira homeopática , sair de cada uma das celas a que me prendi.
Outro catálogo foi de tudo de material que preciso e sei que não vou obter tão cedo. É que quando eu listo parece que eu já possuí o objeto de alguma forma, e por muitas vezes ele sai da lista sem ter sido adquirido. *O fato meus amores é que a densidade financeira está bastante baixa* Bom, mas esta é uma vantagem das coisas, elas não são de fato importantes, e por isso, escrevê-las, ou simplesmente vê-las na vitrine nos faz vivê-las em certa medida. São coisas, não é mesmo?
Difícil são os sentimentos, os vícios da alma, as culpas, as saudades, e pior de tudo: nós mesmos! Nós mesmos nos somos de uma difculdade sem tamanho não acham?
Lista de amigos eu não fiz não. Amigos são e ponto. Não estão e não são numerados. Eles são amigos. E eu sei bem dos meus.
Amores se lista, mas só quando se quer ganhar vantagem sobre alguém. Não é meu caso. Posso estar dura, mas com o coração coberto de luxo.
E tem a lista das coisas que quero fazer na vida. Infinita essa. E dividida entre minha vida vivida e minha vida inventada. O que multiplica muito meus desejos e minhas realizações.

Beijos da sua Tartaruguinha!

ps: Timotinho resolvi ignorar seu estado de mau humor perpétuo para comigo. Encare Barcelona como uma coisa natural.

terça-feira, 21 de junho de 2011

a vida inventada

Timóteo,

Que culpa tenho eu se minha vida inventada é mais verdadeira que a de fato vivida? Não é justo você se aborrecer tanto comigo por conta de uma Barcelona sonhada. Acredite ou não, pisei com o pé da alma, e absorvi tudo o que havia naquela linda cidade. Não tenho fotos pra mostrar, mas posso lhe contar inúmeras estórias.

Tartaruga!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

coisa de sobra

Joaninha,

O que fazemos quando tem muita coisa sobrando? Eu estou assim hoje o dia inteiro, com uma sensação de coisas de sobra. É como se eu não precisasse de tudo, e ainda assim enchesse as mãos, os bolsos e os olhos. O que eu devo fazer? Pensei em tirar umas férias de mim mesma, indo fazer coisas que não me são comuns. Quem sabe assim eu consigo deixar ir o que tiver que ir, e fazer eterno o que for eterno. Mas eternidade existe? Quantas perguntas não é mesmo querida? Quantas e quanta perguntas...
Timóteo já não me surpreende mais. Que pena, ele costumava me surpreender a todo minuto. Diga a ele que se quiser fazer birra que faça, birra por birra, sei fazê-la muito bem!

Da sua, e hoje só sua, pois nem minha eu estou sendo!
Tartaruguinha!

mentirinha boba

Joaninha, Timóteo ficou muito bravo com minha enganação de outro dia? Imagino que sim, mas veja, diga a ele que eu não menti de todo. Em minha cabeça estava mesmo em Barcelona. Pude até sentir o aroma de lá. Alguma coisa da minha alma resolveu viajar enquanto eu dormia, e achei uma lástima ter ido a Barcelona e não ter mandado um cartão postal ao meu Timotinho. 
Ele não pode ter levado tão a sério uma mentirinha boba assim, não é? Explique para ele querida, que apenas o cartão postal era falso, e eu realmente estive em Barcelona. Minha alma passeou por cada beco daquela cidade e ao fim do dia meus pés estavam esgotados.
É tudo tão lindo minha pequena! Um dia iremos juntas, nossas alminhas lado a lado.

Beijos da sua..

quinta-feira, 16 de junho de 2011

o amor é agora

Timotinho,

Imagine só que ouvi hoje algo que me trepidou inteira. O único tempo de amar é agora. Lindo né? Disseram-me ser contemporâneo, mas achei atemporal. O único tempo do amor é o segundo que estamos vivendo. Por isso eu resolvi deixar as promessas pra lá, pelo menos por agora. [risos]

ps: sim estou muito bem humorada. Não deboche disso.

Beijos na minha lindinha Joaninha e um apertão de orelhas em você.
Da sua sempre...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

o tempo segue

Timotinho,

Ocorreu-me de pensar sobre o tempo. E eu sei que você vai me julgar por isso querido. Mas tente entender, você é um ser bem mais evoluído que euzinha aqui. Pra mim, pensar e pensar e cada vez mais pensar faz todo o sentido. Eu não nasci com a sua sabedoria. Tão pouco com a sua calma. A vida, meu querido, me inquieta e confunde demais. O tempo todo eu acordo interrogada. E vez ou outra arrisco chegar a algumas conclusões, embora todas elas possam vir a mudar em questão de segundos. E hoje eu pensei que o tempo é o presente do universo. Ele só sabe seguir sendo. A gente é que para ... de medo ou saudade.
Faz sentido pra você?!

Aguardo seu retorno. Você anda muito pouco pra mim ultimamente. Já sei que ontem foi seu dia com a Joaninha, mas mesmo assim, sigo sentida por você não me incluir um pouco mais!

Da sua.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

os afetos

Meu amorzinho,
Meti-me numa enrascada Timotinho. Criei muitas dimensões de afetos, e continuo tendo um só corpo. Estou desejando, hoje mais que nunca, que o mundo seja feito só de agora. E que o passado e o futuro coexistam com o presente e que vivamos os três nessa condição maravilhosa da presença. Não sei até quando suporto manter-me repartida. Cada pedaço meu, querido Timóteo, flutua inundado de saudade, numa ilha deserta dessas. Não sei quando vou conseguir reuní-los.
Saudades e só!
Da sua Tartaruguinha de sempre e sempre!

domingo, 5 de junho de 2011

só pra você

Joaninha,

Querida, veja que voltei com tudo. Duas cartinhas no mesmo dia. Voltei ao mundo. Mas é que me pareceu bobo não escrever algo só pra você. 
Acho que estou me sentindo melhor mesmo. Revelei em mim certas forças, e cortei certas flores do meu jardim. Ganhei nova morada. Preenchi o buraquinho que carregava no lado esquerdo. Sinto-me inusitada. Nunca me ocorri assim. Acho que tenho sido leve. E você? 
Vocês me deram o troco muito bem! Nenhum bilhetinho sequer. Timotinho nem mesmo apareceu. Fato que fiquei triste. Já disse que sou egoísta, e esperava que não fizessem comigo o silêncio que fiz com vocês. Mas...
Estão perdoados. Acreditem.
Sinto falta de lhe encontrar na feira. E do seu olhar que suaviza o meu peso. Sinto sua falta. 
Quando nos veremos?
Será que precisaremos de um longo tempo para embarulhar esse silêncio todo que causamos? Espero que não.
Fale algo de você querida. Fale qualquer besteira. Qualquer uma será como obra prima do meu palco sentimental.

Beijos da sua...

desacreditei, acredite!

Timotinho,

Veja bem, minha ausência absoluta foi questão de desespero. Timotinho, creia você ou não, eu desacreditei no ser humano. Tolice a minha, disseram-me. Mas o fato é que pra mim, poucas pessoas ainda valem à pena. O resto faz parte dessa massa corpulenta que anda pelas calçadas, empinando o esboço de alma que esqueceram de continuar!

Beijos da sua, ainda, Tartaruguinha!