sexta-feira, 31 de julho de 2009

esperança

Querida Joaninha,

Então, recebí o lindo bilhete de Timóteo. Duas linhas de pura esperança para uma alma rasa como a minha. Eu mesma talvez não me perdoasse por tanta falta de alma. Mas Timotinho está acima de nós!
Obrigada por interceder, e sobretudo por esse carinho despretencioso que tem por mim. Gostaria de compartilhar mais minutos ao seu lado, e trocar palavras contigo. Gostaria também de já pedir desculpas pelas lascas de lágrimas que possivelmente eu irei lhe arrancar. Eu já aprendi, querida, que é impossível estar ao meu lado e sair ileso. Espero que você queira mesmo assim.
Cuide do Timóteo sim? Ouvi dizer que anda rondando uma gripe por aí. E cuide-se você também. Se puder, antes da feira, passe aqui em casa, assim tomamos algo, algo bem leve e vagaroso, e deixamos que o tempo trate de nos fazer mais uma da outra.
Você é um docinho minha lindinha. E você é o amor do Timotinho. Você é o maior silêncio que ele já ecoou no mundo. Só por isso eu já lhe amo!
Depois quero falar sobre amor também. Encontrei Raul. Não estou bem.

Beijos, da sua...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

não fale mais nada

Meu docinho,

Encontrei Joaninha na feira ontem. Ela hesitou em me olhar nos olhos. Acredito que devia estar bem magoada por nossa ausência um do outro. Mas numa luta contra sí mesma, veio até mim, e disse-me que nunca o viu tão falante. Em qualquer outra pessoa, meu pequeno, isso seria motivo de alegria, mas se tratando de você, preocupa-me muito.
Quando você interrompe seus sábios silêncios, é porque está sem coragem de ouvir a sí mesmo, e isso é grave. Eu mesma falo pelos cotovelos, na tentativa de calar a minha boca essencial. Mas eu sou toda errada Timotinho.
Temo pensar que fui eu quem lhe causou esse terrível dano. Entendo que ainda não tenhas vindo me ver, ou mandado alguma palavra sua em minha direção. Mesmo os mais nobres, sentem dificuldades em relação a mim. Mas por favor, meu pequeno, por você, vamos resolver essa coisa toda de palavras e silêncios. É insuportável saber que sofres! E por minha causa ainda...
Não brigue com Joaninha por isso, ela está muito preocupada com você. Se quiseres venha aqui em casa, e despeje sobre mim todas essas palavras incontroladas que andam jorrando de sua boca. Depois vá para casa, compartilhar o seu sábio silêncio com sua doce Joaninha. Eu não me importo de ficar com o peso de tudo o que você disser. Mas por favor, volte a ser você, mesmo que nunca mais esteja ao meu lado!
Para mim é muito importante que o mundo continue desfrutando de você meu bobinho!

Te amo em silêncio.
Sua, Tartaruga dentro do casco.

domingo, 26 de julho de 2009

ausência

Meu pequeno Timóteo,

Perdoe-me mais uma vez. A ausência das minhas palavras para você decorrem do fato de nosso pequeno estranhamento, alguns dias atrás. Saí decidida a não mais ser sua amiga. Parece-me que minha alma estava cansada de você. Perdoe-me se puder. Não é fácil não poder falar qualquer coisa, mas eu não nascí com seu ouvido Timóteo. Qualquer coisa já é demais pra mim. Vinda de você então.
Confesso que não suportei o peso. É permitido sair correndo de uma amizade e tentar voltar correndo a ela novamente? Sim, porque passaram-se três quarteirões e eu fiquei com uma sensação de morte tomando meus olhos. Minha vida sem você, Timóteo, passa a ser uma ilha sem barcos. Temo por achar que para você eu seja apenas uma amiga que sai correndo quando escuta o que não lhe contenta. Um peso.
Timóteo se existir alguma coisa que eu possa fazer, me diga. Mas acredite, nesse tempo em que fiquei ausente de você, o silêncio foi a minha casa, e eu nem ousei falar comigo mesma!

Espero que tenha conseguido desenhar o tamanho de sua importância. Mas preocupa-me o fato de você não ligar para tamanhos e quantidades.

Se puder devolva-me sua voz.

Da sua ex futura quem sabe novamente
Tartaruga!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

vazio

Querido Timóteo,

Você foi viajar. Que vazio fica em meu peito sempre que isso acontece. Sei que estás feliz ao lado de tua Joaninha, desbravando o mundo, como sempre sonhou. Só por isso eu deveria estar batendo os pés de felicidade, mas como lhe disse, eu não sou tão boa Timóteo. Eu penso mais na falta que sinto de você, no vazio que fica em mim, do que no bem que te proporcionam essas suas saídas inesperadas. Por mim, você ficaria preso ao pé da árvore que mora no meu quintal, e não sairia nunca.
Amanhecí triste por esses meus pensamentos. Imaginei você ali preso ao pé da árvore, e eu, bem malvadinha, indo viajar com alguém ou sozinha mesmo, sem nem me preocupar com o seu vazio. Eu sou egoísta Timóteo. Como você consegue ser meu amigo?
Eu gostaria de estar pulando de alegria pela sua conquista, mas estou rezando para que aconteça algo e você volte o mais rápido possível.

Na verdade Timóteo, sempre que você sai acontece alguma coisa que me faz lhe querer aqui. Andei na rua e pousei meus olhos, muito distraidamente, nos olhos de Raul. Em seus olhos, total desconhecimento, apenas avistaram os dois lados da rua e atravessaram com segurança. E nós já havíamos nos amado um dia Timóteo, eu e Raul. Hoje ele finge ser um desconhecido. Doeu.

Fique o tempo que precisar meu amigo, e volte renovado.
No fundo é isso que eu lhe desejo.
Da sua, hoje meio amassadinha,

Tartaruga!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

PELA manhã

Querido Timóteo,

Hoje mesmo vou lá buscar uma das inúmeras respostas que terei na vida. Sinto-me ansiosa, mas de uma ansiedade sorridente, que formiga o estômago. As manhãs deveriam ser assim mais vezes. Assim me sinto viva Timóteo, você me entende? Não sei ao certo se você entende, porque você me parece tão vivo sempre. Eu é que carrego esse aspecto de que parei de respirar por alguns minutos, quase como se tivesse esquecido de viver.
Acontece-me às vezes. Pensei se não era o caso de ir ao médico, mas como eu explicaria a ele que paro de respirar inconscientemente, porém com muita vontade? Os médicos não entendem muito destas coisas escondidas da alma, nem mesmo os que tratam dela!
E Joaninha Timóteo? Vai bem? Feliz com a nova vida a dois? Timóteo, ainda não consigo me imaginar dividindo vida com alguém. Será que nascí defeituosa?
Se sim peço-lhe perdão, ninguém merece ter uma amiga assim, como eu, que para de respirar e não divide quase nada!

Seja feliz Timóteo, e não se pareça comigo.

Grandes abraços, de saudade sempre!
Sua,
Tartaruguinha!

terça-feira, 21 de julho de 2009

a casa no mar

Querido Timóteo,

Será que quando andamos depressa demais, perdemos nosso futuro na primeira esquina? Ontem mesmo comprei umas sementes de margaridas para plantar no vaso perto da janela do meu quarto. Você acredita que essa coisa toda de rapidez e futuro, me deu imensa vontade de ser uma margarida? Ontem encontrei Joaninha, e me disse que a casa de vocês tem vista para o mar. Muito me espantei, quando lembrei de sua fobia! Melhorou então? Faço votos de que sejam felizes, senão for assim, de que adianta seguir andando? Ontem mesmo, ao mesmo tempo que refletia aflita sobre o futuro e a velocidade, vi uma moça moradora das ruas, arrastando duas malas e mais um colchão. Pensei que a pobreza anda entrando no sistema não é?! Quando devo conhecer a sua casa? Me chame para um chá. Levarei biscoitinhos e pequenas coisas. Coisas lentas, de preferência, para que nesse nosso encontro o futuro não se perca, e nos tenhamos sempre.

Com mais amor que ontem.
Sua Tartaruga!