quarta-feira, 29 de junho de 2011

as listas

Meus amores,

Hoje eu estou toda para os catálogos. Resolvi fazer listas e mais listas. A primeira delas é sobre minhas libertações. Não me surpreendi ao constatar que estou com os pés enfiados em um monte de sapatos que não me servem mais. Repararam como a maioria das prisões somos nós mesmos quem erguemos ao nosso redor? Pois é... E como boa prisioneira que sou, coloquei metas para que possa, de maneira homeopática , sair de cada uma das celas a que me prendi.
Outro catálogo foi de tudo de material que preciso e sei que não vou obter tão cedo. É que quando eu listo parece que eu já possuí o objeto de alguma forma, e por muitas vezes ele sai da lista sem ter sido adquirido. *O fato meus amores é que a densidade financeira está bastante baixa* Bom, mas esta é uma vantagem das coisas, elas não são de fato importantes, e por isso, escrevê-las, ou simplesmente vê-las na vitrine nos faz vivê-las em certa medida. São coisas, não é mesmo?
Difícil são os sentimentos, os vícios da alma, as culpas, as saudades, e pior de tudo: nós mesmos! Nós mesmos nos somos de uma difculdade sem tamanho não acham?
Lista de amigos eu não fiz não. Amigos são e ponto. Não estão e não são numerados. Eles são amigos. E eu sei bem dos meus.
Amores se lista, mas só quando se quer ganhar vantagem sobre alguém. Não é meu caso. Posso estar dura, mas com o coração coberto de luxo.
E tem a lista das coisas que quero fazer na vida. Infinita essa. E dividida entre minha vida vivida e minha vida inventada. O que multiplica muito meus desejos e minhas realizações.

Beijos da sua Tartaruguinha!

ps: Timotinho resolvi ignorar seu estado de mau humor perpétuo para comigo. Encare Barcelona como uma coisa natural.

terça-feira, 21 de junho de 2011

a vida inventada

Timóteo,

Que culpa tenho eu se minha vida inventada é mais verdadeira que a de fato vivida? Não é justo você se aborrecer tanto comigo por conta de uma Barcelona sonhada. Acredite ou não, pisei com o pé da alma, e absorvi tudo o que havia naquela linda cidade. Não tenho fotos pra mostrar, mas posso lhe contar inúmeras estórias.

Tartaruga!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

coisa de sobra

Joaninha,

O que fazemos quando tem muita coisa sobrando? Eu estou assim hoje o dia inteiro, com uma sensação de coisas de sobra. É como se eu não precisasse de tudo, e ainda assim enchesse as mãos, os bolsos e os olhos. O que eu devo fazer? Pensei em tirar umas férias de mim mesma, indo fazer coisas que não me são comuns. Quem sabe assim eu consigo deixar ir o que tiver que ir, e fazer eterno o que for eterno. Mas eternidade existe? Quantas perguntas não é mesmo querida? Quantas e quanta perguntas...
Timóteo já não me surpreende mais. Que pena, ele costumava me surpreender a todo minuto. Diga a ele que se quiser fazer birra que faça, birra por birra, sei fazê-la muito bem!

Da sua, e hoje só sua, pois nem minha eu estou sendo!
Tartaruguinha!

mentirinha boba

Joaninha, Timóteo ficou muito bravo com minha enganação de outro dia? Imagino que sim, mas veja, diga a ele que eu não menti de todo. Em minha cabeça estava mesmo em Barcelona. Pude até sentir o aroma de lá. Alguma coisa da minha alma resolveu viajar enquanto eu dormia, e achei uma lástima ter ido a Barcelona e não ter mandado um cartão postal ao meu Timotinho. 
Ele não pode ter levado tão a sério uma mentirinha boba assim, não é? Explique para ele querida, que apenas o cartão postal era falso, e eu realmente estive em Barcelona. Minha alma passeou por cada beco daquela cidade e ao fim do dia meus pés estavam esgotados.
É tudo tão lindo minha pequena! Um dia iremos juntas, nossas alminhas lado a lado.

Beijos da sua..

quinta-feira, 16 de junho de 2011

o amor é agora

Timotinho,

Imagine só que ouvi hoje algo que me trepidou inteira. O único tempo de amar é agora. Lindo né? Disseram-me ser contemporâneo, mas achei atemporal. O único tempo do amor é o segundo que estamos vivendo. Por isso eu resolvi deixar as promessas pra lá, pelo menos por agora. [risos]

ps: sim estou muito bem humorada. Não deboche disso.

Beijos na minha lindinha Joaninha e um apertão de orelhas em você.
Da sua sempre...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

o tempo segue

Timotinho,

Ocorreu-me de pensar sobre o tempo. E eu sei que você vai me julgar por isso querido. Mas tente entender, você é um ser bem mais evoluído que euzinha aqui. Pra mim, pensar e pensar e cada vez mais pensar faz todo o sentido. Eu não nasci com a sua sabedoria. Tão pouco com a sua calma. A vida, meu querido, me inquieta e confunde demais. O tempo todo eu acordo interrogada. E vez ou outra arrisco chegar a algumas conclusões, embora todas elas possam vir a mudar em questão de segundos. E hoje eu pensei que o tempo é o presente do universo. Ele só sabe seguir sendo. A gente é que para ... de medo ou saudade.
Faz sentido pra você?!

Aguardo seu retorno. Você anda muito pouco pra mim ultimamente. Já sei que ontem foi seu dia com a Joaninha, mas mesmo assim, sigo sentida por você não me incluir um pouco mais!

Da sua.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

os afetos

Meu amorzinho,
Meti-me numa enrascada Timotinho. Criei muitas dimensões de afetos, e continuo tendo um só corpo. Estou desejando, hoje mais que nunca, que o mundo seja feito só de agora. E que o passado e o futuro coexistam com o presente e que vivamos os três nessa condição maravilhosa da presença. Não sei até quando suporto manter-me repartida. Cada pedaço meu, querido Timóteo, flutua inundado de saudade, numa ilha deserta dessas. Não sei quando vou conseguir reuní-los.
Saudades e só!
Da sua Tartaruguinha de sempre e sempre!

domingo, 5 de junho de 2011

só pra você

Joaninha,

Querida, veja que voltei com tudo. Duas cartinhas no mesmo dia. Voltei ao mundo. Mas é que me pareceu bobo não escrever algo só pra você. 
Acho que estou me sentindo melhor mesmo. Revelei em mim certas forças, e cortei certas flores do meu jardim. Ganhei nova morada. Preenchi o buraquinho que carregava no lado esquerdo. Sinto-me inusitada. Nunca me ocorri assim. Acho que tenho sido leve. E você? 
Vocês me deram o troco muito bem! Nenhum bilhetinho sequer. Timotinho nem mesmo apareceu. Fato que fiquei triste. Já disse que sou egoísta, e esperava que não fizessem comigo o silêncio que fiz com vocês. Mas...
Estão perdoados. Acreditem.
Sinto falta de lhe encontrar na feira. E do seu olhar que suaviza o meu peso. Sinto sua falta. 
Quando nos veremos?
Será que precisaremos de um longo tempo para embarulhar esse silêncio todo que causamos? Espero que não.
Fale algo de você querida. Fale qualquer besteira. Qualquer uma será como obra prima do meu palco sentimental.

Beijos da sua...

desacreditei, acredite!

Timotinho,

Veja bem, minha ausência absoluta foi questão de desespero. Timotinho, creia você ou não, eu desacreditei no ser humano. Tolice a minha, disseram-me. Mas o fato é que pra mim, poucas pessoas ainda valem à pena. O resto faz parte dessa massa corpulenta que anda pelas calçadas, empinando o esboço de alma que esqueceram de continuar!

Beijos da sua, ainda, Tartaruguinha!