quarta-feira, 24 de agosto de 2011

perguntando

Jô,

Para algumas coisas o tempo tem me parecido enorme benefício. Para outras, no entanto, não há inimigo maior que o tempo, e suas linhas que não perdoam. Estou sentindo o tempo extraviar coisas que me são muito intensas e profundas. Necessárias eu diria. Ao passo que me pergunto desta necessidade. Seria real? Se o tempo está extraviando a própria coisa, não estaria a necessidade apenas atrelada ao hábito que cultivei? E como julgar por hábito coisa tão sagrada? Seria o hábito pejorativo?

Cheia de perguntas lhe envio um abraço hoje, minha querida. Acredite, não espero respostas, só o abraço como retorno mais rápido do seu amor.

Da sua...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

tempo

Querido,

Chorei. Chorei um desses chôros sem lágrimas. Desses que ninguém percebe e passa sem ousar saber. Chorei alto, quase gritando em silêncio. Chorei como se uma parte de mim houvesse partido. Lembrei dos sonhos que tinha, e jurei ter desejado voltar no tempo. O tempo, esse simples ser que vive os dias como deveríamos vivê-los. O tempo que não retrocede um só passo, muito menos o avança. Não há precipitações, nem remorsos. Não há esperas, nem arrependimentos. O tempo é bem mais evoluído. Eu sou confessa, bastante involuída. Mas hoje eu chorei daquele choro que não se desfaz. Daquele choro!

Da sua Tartaruguinha.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

leia-me

Timotinho,

Para não dizer que não mencionei mais minha "literatura" em nossas correspondências, outro dia mesmo meu pseudônimo invertido escreveu que "viver é um exercício de solidão no meio de um monte de gente". Sei que não lhe agradará. Que você vai julgar isso um tanto brega e romântico. Sei que não estou à altura de grandes palavras, mas me permita exercícios de grandeza, e lhe entrego em troca a minha humildade.
Não pretendo mais que esboçar minha alma. Ninguém precisa ler. Apenas você. E este esforço eu lhe cobro. Porque até mesmo as mais evoluídas relações exigem. Sendo assim posso lhe exigir aos baldes, já que a evolução passa longe de mim. Permita que eu lhe cobre, que eu lhe exija, que eu lhe ame desesperadamente e espere de você a melhor compreensão do mundo. Desse mundo que não tolera mais clichês Timotinho. Desse mundo onde as coisas são nomeadas e não são encontradas.
Leia minhas coisinhas. Sinta-se obrigado a me dar um retorno. Ame-me, mesmo que de mansinho. Faça-me íntegra em seus pensamentos. 

Da sua...