terça-feira, 26 de julho de 2011

todo o resto é poesia

Minha flor,

Chove muito. Quase desenhei um guarda chuva amarelo com bolas roxas para poupar-me da lambança. No primeiro traço desisti logo de tudo e fui sair a rua assim mesmo, a voar. Tornei-me um pouco suja, molhada e livre de qualquer infarto. Não havia guarda chuva algum para emborcar, dançar com o vento, furar olhos vizinhos, molhar bolsa seca. Não havia guarda chuva algum para frustrar minha expectativa de sair seca dessa. Fui mais feliz. Fui mais eu.

Não tente entender nada. Andei lendo. Li tanto que até choveu. Tirando a chuva, todo o resto é poesia!

Beijos da sua..

terça-feira, 19 de julho de 2011

sem ar

Timotinho,

Você não sabe o quanto meu coração pulou hoje pela manhã! Finalmente o som da sua voz se fez presente, mesmo que forjado por minha imaginação ao ler suas palavrinhas. Que doçura você foi capaz de armar. Meu coração inchou tanto, que nem tenho mais fôlego para escrever-te qualquer vírgula que seja. Preciso respirar, e esse é o melhor jeito de dizer que te amo!

Da sua...

sábado, 9 de julho de 2011

desculpas

Timotinho,

Pensei muito em você hoje. E veja que pensando em você pensei em mim. É muito curioso isso, e me confunde. Eu ainda estou irritada com você, e acho que tenho razão. Seu silêncio por conta de sua incompreensão me maltrata, mas você sou eu. De alguma forma, amigos se tornam um pouco a gente. E isso torna impraticável a vontade de banir você da minha vida. Seria como banir a mim mesma, e deixar meus dias desertos de ser humano. Isso talvez seja um pedido de paz entre nossos rancores. Não existe motivo para que não mais nos sejamos. Espero ansiosa que você me peça desculpas. Que me escreva qualquer palavra. Pode ser em papel de pão. Em troca lhe dou minha esperança de que seremos sim nós mesmos daqui pra frente. Não deixe que seu orgulhinho bobo - talvez seu único defeitinho - lhe estrague o caminho. É só uma desculpa para que meu coração entenda que você voltou.

Da sua Tartaruguinha!

terça-feira, 5 de julho de 2011

despertencimento

Joaninha,

Dia ou outro você não se sente tomada por um despertencer involuntário? Ai minha querida, diga que sim para que eu me sinta um pouco melhor. Hoje mesmo Joaninha, esse despertencer me tomou de nocaute pelo olho esquerdo, e cá estou eu, querendo ser de ninguém. Parece que só a mim mesma tenho direito de pertencer. Não quero ser sua, nem de Timóteo, nem de mamãe, nem do amor... É muito pecado isso? Faço esta pergunta a você porque sei o tamanho exato da sua nobreza. Você nem deve fazer ideia do que estou falando não é mesmo? E veja só que coisa louca, mesmo não pertencendo a ninguém, recorro a você para sanar minhas aflições. Do que chamamos isso Joaninha?

Beijos da hoje só minha mesmo, Tartaruguinha!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

a praga

Timóteo,

Que praga foi essa? Estou há dois ou três dias sem ouvir direito o som da minha voz. E não me venha dizer que são problemas na garganta. Você pediu ao mundo que me calasse por alguns instantes, porque você ainda sofre com a minha mentirinha. Você não entende não é? Que há tanta verdade em minha vida inventada, quanto em minha vida vivida. Mas que cabeça dura!!!
Por favor, peça urgentemente que me devolvam o direito de gritar. É dureza enfrentar esse mundo de boca fechada, sem nenhuma válvula de escape para a alma. Gritar é meu jeito de reciclar o lixo, portanto exijo que você desfaça esta praga, pelo bem do meu planeta interno.
Quanto a você voltar a falar comigo, nem faço mais questão! Por bons tempos só me reportarei à Joaninha. Fique você e sua teimosia fincados no mesmo lugar.

Da não mais sua Tartaruga!